Com toda a cura, ela vai escovando a pele de cordeiro que vestirá na próxima noite de luar.
Já a lavou com água, sabão e amaciador ultra forte porque a pele quer-se macia e apetitosa ao toque. Nem esqueceu o nauseabundo perfume caprino que tanto seduz lobos e predadores...
A noite ocupa o seu lugar e em passadas lentas, ela vai farejando o vento e por entre a mata densa segue o trilho tentador do lobo que a faz acalentar.
Avista a toca pintada de prata e a adrenalina dispara fazendo-a de imediato arquejar. Dois segundos de espera e entra no covil, arrastando com ela o fedor a carne fresca e sucolenta, pervertendo o ar saturado que o lobo virá a respirar.
Mesmo sabendo que dentro em pouco a sua pele será dilaceranda pelas garras sedentas de carne quente e sangue, não resiste à tentação de lá ficar. Encosta-se à rocha e roça nela a pele que vestiu, conspurcando as paredes com o seu enlevo perfume.
Deita-se no centro, exposta como mais não podia estar e espera que o lobo chegue à toca, faminto da presa que voluntariamente se entrega à arte de bem se sacrificar...
0 comentários:
Enviar um comentário